Escrito por Xerxes Pessoa de Luna
As Drogas e Suas Implicações Espirituais
Um dos problemas mais graves da sociedade humana, na
atualidade, é o consumo indiscriminado, e cada vez mais crescente, das
drogas, por parte não só dos adultos, mas também dos jovens e,
lamentavelmente, até das crianças, principalmente nos centros urbanos
das grandes cidades.
A situação é tão preocupante, que cientistas de várias partes
do Planeta, reunidos, chegaram à seguinte conclusão: "Os viciados em
drogas de hoje podem não só estar pondo em risco seu próprio corpo e sua
mente, mas fazendo uma espécie de roleta genética, ao projetar sombras
sobre os seus filhos e netos ainda não nascidos."
Diante de tal flagelo e de suas terríveis conseqüências, não
poderia o Espiritismo, Doutrina comprometida com o crescimento integral
da criatura humana na sua dimensão espírito-matéria, deixar de se
associar àqueles segmentos da sociedade que trabalham pela preservação
da vida e dos seus ideais superiores, em seus esforços de erradicação de
tão terrível ameaça.
O efeito destruidor das drogas é tão intenso que extrapola os
limites do organismo físico da criatura humana, alcançando e
comprometendo, substancialmente, o equilíbrio e a própria saúde do seu
corpo perispiritual. Tal situação, somada àquelas de natureza
fisiológica, psíquica e espiritual, principalmente as relacionadas com
as vinculações a entidades desencarnadas em desalinho, respondem,
indubitavelmente, pelos sofrimentos, enfermidades e desajustes
emocionais e sociais a que vemos submetidos os viciados em drogas.
Em instantes tão preocupantes da caminhada evolutiva do ser
humano em nosso planeta, cabe a nós, espíritas, não só difundir as
informações antidrogas que nos chegam do plano espiritual benfeitor que
nos assiste, mas, acima de tudo, atender aos apelos velados que esses
amigos espirituais nos enviam, com seus informes e relatos contrários ao
uso indiscriminado das drogas, no sentido de envidarmos esforços mais
concentrados e específicos no combate às drogas, quer no seu aspecto
preventivo, quer no de assistência aos já atingidos pelo mal.
II - A Ação das Drogas no Perispírito
Revela-nos a ciência médica que a droga, ao penetrar no
organismo físico do viciado, atinge o aparelho circulatório, o sangue, o
sistema respiratório, o cérebro e as células, principalmente as
neuroniais.
Na obra "Missionários da Luz" - André Luiz ( pág. 221 - Edição
FEB), lemos: "O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos
celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento
básico de equilíbrio do corpo perispiritual." Em "Evolução em dois
Mundos", o mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam
relação íntima com o perispírito.
Comparando as informações dessas obras com as da ciência
médica, conclui-se que a agressão das drogas ao sangue e às células
neuroniais também refletirá nas regiões correlatas do corpo
perispiritual, em forma de lesões e deformações consideráveis que, em
alguns casos, podem chegar até a comprometer a própria aparência humana
do perispírito. Tal violência concorre até mesmo para o surgimento de um
acentuado desequilíbrio do Espírito, uma vez que "o perispírito
funciona, em relação a esse, como uma espécie de filtro na dosagem e
adaptação das energias espirituais junto ao corpo físico e vice-versa.
Por vezes o consumo das drogas se faz tão excessivo, que as
energias, oriundas do perispírito para o corpo físico, são bloqueadas no
seu curso e retornam aos centros de força.
III - A Ação dos Espíritos Inferiores Junto ao Viciado
Esta ação pode ser percebida através das alterações no
comportamento do viciado, dos danos adicionais ao seu organismo
perispiritual, já tão agredido pelas drogas, e das conseqüências futuras
e penosas que experimentará quando estiver na condição de espírito
desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.
Sabemos que, após a desencarnação, o Espírito guarda, por certo
tempo, que pode ser longo ou curto, seus condicionamentos, tendências e
vícios de encarnado. O Espírito de um viciado em drogas, por exemplo,
em face do estado de dependência a que ainda se acha submetido, no outro
lado da vida, sente o desejo e a necessidade de consumir a droga.
Somente a forma de satisfazer seu desejo é que varia, já que a condição
de desencarnado não lhe permite proceder como quando na carne. Como
Espírito precisará vincular-se à mente de um viciado, de início, para
transmitir-lhe seus anseios de consumo da droga, posteriormente, para
saciar sua necessidade, valendo-se para tal do recurso da vampirização
das emanações tóxicas impregnadas no perispírito do viciado, ou da
inalação dessas mesmas emanações quando a droga estiver sendo consumida.
"O Espírito de um viciado em drogas, em face do estado de
dependência a que se acha submetido, no outro lado da vida, sente o
desejo e a necessidade de consumir a droga."
Essa sobrecarga mental, indevida, afeta tão seriamente o
cérebro, a ponto de ter suas funções alteradas, com conseqüente queda no
rendimento físico, intelectual e emocional do viciado. Segundo
Emmanuel, "o viciado, ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se
apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um
processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as
impregnações fluídicas maléficas daquelas, tornando-se enfermiço,
triste, grosseiro, infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem
o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos".
IV - Contribuição do Centro Espírita no trabalho antidrogas desenvolvido pelos Benfeitores Espirituais
A Casa Espírita, como Pronto-Socorro espiritual, muito pode
contribuir com os Espíritos Superiores, no trabalho de prevenção e
auxílio às vítimas das drogas nos dois lados da vida.
Com certeza, essa contribuição poderia ocorrer através de medidas que, no dia-a-dia da Instituição, ensejassem:
a. Um
incentivo cada vez mais constante às atividades de evangelização da
infância e da juventude, principalmente com sua implantação, caso a
Instituição ainda não tenha implantado.
b. Estimular
seus freqüentadores, em particular a família do viciado em tratamento, à
prática do Evangelho no Lar. Essas pequenas reuniões, quando realizadas
com o devido envolvimento e sinceridade de propósitos, são fontes
sublimes de socorro às entidades sofredoras, além, naturalmente, de
concorrer para o estreitamento dos laços afetivos familiares, o que
decerto estimulará o viciado, por exemplo, a perseverar no seu propósito
de libertar-se das drogas ou a dar o primeiro passo nesse sentido.
c. Preparar
devidamente seu corpo mediúnico para o sublime exercício da mediunidade
com Jesus, condição essencial ao socorro às vítimas das drogas, até
mesmos as desencarnadas.
d. No
diálogo fraterno com o viciado e seus familiares, sejam-lhes colocados à
disposição os recursos socorristas do tratamento espiritual: passe,
desobsessão, água fluidificada e reforma íntima.
e. Criar,
no trabalho assistencial da Casa, uma atividade que enseje o diálogo, a
orientação, o acompanhamento e o esclarecimento, como fundamentação
doutrinária, ao viciado e a seus familiares.
V - Conclusão
Diante dos fatos e dos acontecimentos que estão a envolver a
criatura humana, enredada no vício das drogas, geradoras de tantas
misérias morais, sociais, suicídios e loucuras, nós, espíritas, não
podemos deixar de considerar essa realidade, nem tampouco deixar de
concorrer para a erradicação desse terrível flagelo que hoje assola a
Humanidade.
Nesse sentido, urge que intensifiquemos e aprimoremos cada
vez mais as ações de ordem preventiva e terapêutica, já em curso em
nossas Instituições, e que, também, criemos outros mecanismos de ação
mais específicos nesse campo, sempre em sintonia com os ensinamentos do
Espiritismo e seu propósito de bem concorrer para a ascensão espiritual
da criatura humana às faixas superiores da vida.
(Reformador – Março/98)
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